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Minicontos da quarentena

  • projetoarquivivências@gmail.com
  • 26 de jun. de 2022
  • 1 min de leitura


Luís Fernando Amâncio


Quando criança, pensava que o avô já nascera velho. Não conseguia imaginá-lo jovem com todos aqueles cabelos brancos e rosto marcado por rugas. Porém, robusto, riso fácil, Vô Joca não era um idoso frágil. Não corria com os netos, é verdade, mas estava sempre em volta, instruindo as brincadeiras. Com ele, aqueles meninos de apartamento conheciam jogos ancestrais: piques e peões, bola de gude e correria na rua.


Queria se despedir do avô, mas não foi possível. Velório curto, caixão lacrado, não valia o risco. Gozador, Vô Joca veria graça em ser enterrado com as pompas de um lixo radioativo.


 
 
 

4 Comments


Edirceu José Rodrigues
Edirceu José Rodrigues
Jul 28, 2023

Uau!

Suas palavras suscitaram em mim um profundo suspiro. Que beleza de conto Luis!

Muitas coisas: memórias, palavras, imagens e sobretudo a imagem das "pompas de um lixo radioativo"...

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Ana Bovo
Ana Bovo
Jun 28, 2022

Ah, a imagem escolhida foi impecável também, como sempre!

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Ana Bovo
Ana Bovo
Jun 28, 2022

Concordo, Radamés! Fiquei fã do Luís por causa deste texto... E que sorte!!!

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Radames Andrade Vieira
Radames Andrade Vieira
Jun 27, 2022

Esse miniconto é, simplesmente, delicioso. O final é impecável.

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