Um homem do século passado!
- projetoarquivivências@gmail.com
- 31 de jul. de 2023
- 1 min de leitura

Edirceu José Rodrigues
Talvez eu seja um vencedor
Não precisamos de parâmetros
Não precisamos de padrões
Passou da hora de termos esse pensamento colonialista ...
De comparações. Somos todos singulares
Somos únicos
A nossa diferença maior existe, essencialmente, em poder financeiro
Todos temos o direito de pensar, o que nos condiciona
à igualdade, menos egoísta
Eu gosto tanto das coisas antigas
gosto das plantas, da Natureza
das montanhas, das lagoas, da chuva.
As árvores nos passeios das casas me encantam
quando florescem
Me deslumbram
os ipês, os flanboians, os ficus ...
também, as frutíferas
a bananeira, o coqueiro, a mangueira, a jabuticaba, a goiaba,
o abacate, o caqui, a mexerica, a laranja, e tantas outras
os jardins, as vezes tão bem tratados
às vezes tratados pelo tempo. Ao tempo ...
ao tempo ...
ao tempo. O tempo!
Eu sou um homem do século passado!

Querido Edirceu,
Quantas saudades senti ao ler seu texto agora!
Saudades de você (aluno cuja presença é vibrante!), dos alunos em geral, dos colegas professores, da Ana Bovo e do Radamés com esse lindo projeto “arquivivo” com o qual lidamos durante a pandemia!
Saudade é um sentimento que desperta em nós o que temos de mais antigo, mais arcaico e, por isso, o que há de mais espontâneo e natural também. Diz respeito aos afetos que assimilamos como parte de nós, entranhados no corpo, reveladores de nosso arquivo íntimo: memórias que atravessam o que nos constitui sujeitos. E é tão bonito observar quando essa memória se mistura à paisagem, à arte, aos animais, ao gosto das frutas – como…
Nossa, Edirceu, este seu texto me causa um encantamento, sabe? E a imagem combina tão perfeitamente com ele que faz minha cabeça e meu olhar se demorarem e se demorarem... Ah, o tempo!
Edirceu, meu querido... também me sinto um homem do século passado. Somos homens já entardecidos, mas não daqueles que entregam os pontos. Somos criaturas das manhãs, das tardes e das noites, daquelas que contemplam os renovados prelúdios das passagens, como você bem diz, nesses relicários da natureza, com suas texturas, cores, sabores, timbres e odores. Você que também é um artista das salas de aula, façamos desse picadeiro um espaço de celebração da doçura da vida, contrabandeando a pulsação que emerge por lá e a transformando em mais vontade de delirar. O que é essa vida senão um grande delírio... Lindo texto, velho amigo!